quinta-feira, março 23, 2017



Você reconhece quem sabe ser paz em meio ao seu caos

(- Sim!)


 








Tempos de (auto) descoberta.

 
Não é um problema ser desinteressante quando não estamos felizes. Às vezes o riso apaga, o olho não brilha, a respiração não preenche os pulmões te enchendo de vida a cada movimento. Tudo bem. Tá tudo bem. Não dá pra ser feliz um dia inteiro, um mês inteiro, um ano inteiro. E, sério: tá tudo bem mesmo. Vai passar. Demora, a gente sabe, porque, um dia que seja perdido em pensamentos e sentimentos que só aumentam a profundidade desse poço que (muitas vezes do nada) a gente se percebe submergindo é um dia perdido. Ou, pelo menos, um dia a menos em que fomos felizes, ainda que essa felicidade venha em dobro lá na frente. Morar um pouco mais de tempo na casinha da tristeza não é um problema. É humano. O problema é se sentir sozinho nessa estadia. É perceber que você não reconhece as pessoas ao seu redor, porque elas só te reconhecem na tua alegria, no teu euforismo, na tua incondicional disponibilidade. Quando a gente se dá conta, nossas companhias são o vazio que sentimos e os estranhos que nos cercam. Gente que não te pergunta, não te questiona, não te deseja por perto porque o espaço pro teu eu interessante e de risada alta não pode ser preenchido pelo teu eu que precisa (mas não está conseguindo) arrumar novos motivos pra sorrir. Isso é o mais triste. Teorizar na tua ausência é mais fácil, te julgar é mais fácil. Difícil é não ser poupada. Difícil é retardar o cuidado a si mesma e aos próprios sonhos em função do cuidado e sonhos alheios, e ainda assim não ser suficiente. Difícil é não reconhecer e não gostar, tanto de si mesmo, quanto de praticamente todos à sua volta. Raras são as exceções. Raríssimas, eu diria. Muitas delas de fontes desconhecidas, inesperadas, mas que nos chegam na hora certa. Ai de nós se não fossem elas! E ai de nós se não fosse a gente mesmo! Uma caminhada longa e de reencontro consigo mesmo, ainda que consigamos fazer acompanhados, só será feita se a gente começar a caminhar com nossas próprias pernas. A gente percebe que, no fim, é sempre sozinhos e em nós mesmos que a mudança começa. E não é do jeito mais confortável e amigável que a vida nos mostra que ter companhia nos nossos recomeços particulares é uma questão de escolha, mas não só nossa. A nossa própria companhia é a única certeza que temos. E é preciso cuidar e gostar mais dela, não pra que nos tornemos atraentes e convidativos novamente, mas porque, pra vencer a tristeza, o vazio, e as ausências é preciso amor. Muito amor. Comecemos com o próprio. ♥

(Itala Pereira)



quinta-feira, agosto 18, 2016

Só pra extravasar.

Às vezes a gente nem tem um assunto de fato, não quer fazer rimas, nem colocar no papel frases de efeito que poderiam vir a ser belas tatuagens um dia (quem sabe), ou indiretinhas que entrariam na modinha dos memes. Não. (Não vou dizer que isso não acontece, mas) Na maioria das vezes, a gente só quer extravasar. Tecer umas poucas linhas que parecem ser feitas do mesmo nó que aperta a garganta e o peito da gente, porque enquanto a gente escreve, mesmo sem muito sentido, os nós aqui dentro vão ficando mais frouxos. E aí, a gente nem escreveu sobre algo concreto, e quem nos lê também não tem a menor ideia do que se passa na cabeça cheia de caraminholas de quem começou mais um dentre tantos outros textos desses desinteressantes que tem por aí, mas ambos sentem chegar de leve, em algum momento da leitura, o alívio que só a escrita traz, sabe? Ó, ele aí... Chegando bem de mansinho... Tanto que, quando a gente percebe, já nem precisa mais escrever. 
Não por enquanto. 
Não sobre isso. 
Isso? Isso o quê mesmo? 

.  .  .

Talvez seja sobre gratidão. 
Vontade de agradecer... 
Pela oportunidade de tecer essas linhas mal escritas, sem sentido, sem rima, quase sem drama, mas das mais balsâmicas, sou grata. Obrigada. Muito obrigada.)


quarta-feira, maio 13, 2015

Insistente.

Ainda acho que vale a pena se entregar e dar o seu melhor a algo ou alguém. Acho sim. Mesmo que não seja valorizado. Mesmo que incomode cuidar e querer ser cuidado por alguém. Mesmo sem retribuição positiva alguma. Porque, se tem uma coisa que aprendi nessa vida, é que ela é mesmo um eco. Um dia, tudo que emitimos faz o caminho de volta. E ai, não importa quantas vezes você foi tratado como lixo: vai chegar o dia em que, de tanto se sentir descartável, você vai encontrar um modo de se reciclar. Daí, vai conhecer a melhor versão de você, e o que insistentemente emitiu, finalmente fará o caminho de volta. Só que dessa vez, do jeito certo.

(Itala Pereira)

sábado, março 28, 2015




Súbita inspiração.


Tô pra ver coisa mais linda que gente alheia à própria beleza. Aquelas que não tem mesmo a menor consciência do quão lindas são e, sem se dar conta, saem por aí encantando qualquer um por onde quer que passem. Andam suavemente por essa vida como quem acabou de nascer: de um jeito leve, doce, sem peso algum sobre os olhos. Carregam em seu caminhar apenas uma leveza tão exageradamente intrigante, que dá vontade de ser carregada junto, nem que seja só pra descobrir onde esses passos todos vão dar. Bonito ver gente que sorri com os olhos e que, sem perceber, te convida a sorrir junto. E a gente acabando sorrindo mesmo. Com a boca, com os olhos, com a alma. Que gostoso sorrir com o coração leve. E que maravilha esse mistério de não saber o que se esconde por trás desses olhos tão leves e desses sorrisos tão intrigantes espalhados por aí. Melhor assim. Quem sabe o destino não deixa a descoberta pros próximos encontros, que eu nem sei se acontecerão. O que eu sei mesmo, é que meu caminhar seria mais feliz se todos os dias eu encontrasse mais pessoas que não sabem quão bonitas são.

(Itala Pereira)


Don't you know, don't you know that you're beautiful... ♪

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Amor Incondicional

"Eu sempre achei que o amor, que o grande amor, fosse incondicional. Que quando duas pessoas se encontram, que quando esse grande encontro acontece, você pode trair, brochar, dar todas as porradas. Sendo um grande amor, ele voltará triunfal. Sempre! Mas não, nenhum amor é incondicional. Então acreditar na incondicionalidade do amor, é decididamente precipitar o fim do amor, porque você acha que esse amor aguenta tudo, então de um jeito ou de outro você acaba fazendo esse amor passar por tudo e um amor não aguenta tudo, nada nessa vida é assim! [...]"
(Michel Melamed)




sexta-feira, novembro 07, 2014

Hora de ir.

Eu quis muito te fazer feliz. Te priorizei, te cuidei, te quis um bem enorme. Tanto, que muitas vezes foi maior que o bem querer dedicado a mim mesma. Te dediquei os mais singelos e nobres sentimentos. Acho que nunca te disse, mas apesar de não sermos mais crianças, costumava pensar que, assim como na canção, tratava-se de "um amor puro" que "não sabe a força que tem". Eu só sabia que, mesmo meio torto e sem noção da sua dimensão, era algo forte e impetuoso demais, que não admitia não ser sentido dessa maneira. Então, era assim que eu sentia. E apesar de querer teu gosto constantemente em mim, me parecia puro pensar que não fazia mesmo o menor sentido me perder nos teus braços se eu não me perdesse na tua alma junto. Gostava de te olhar quando tudo parecia dar errado, só pra ter novamente aquela sensação de ver o mundo emudecer, e o som da sua risada ecoar até acalmar todas minhas dores. Era minha música favorita. Eu viveria o resto da vida fazendo todas as tuas vontades. Cada uma delas, e sem reclamar. Era o mínimo a te oferecer pra demonstrar o tamanho da minha gratidão por me mostrar que poderia sentir, incondicionalmente, tanto por alguém. Sentimento demais. Sentimento certo. Momento errado. Pessoa errada. Viveria pra te dar o meu melhor, e esperaria nada em troca. Nada mesmo. Até hoje, quando você, pela primeira vez, me fez sentir que eu estava lidando com um estranho. Não te reconheci. Não te reconheço. E ainda me senti uma criança castigada por fazer algo errado. No caso, por sentir errado. Você só esqueceu que eu não sou criança, e meus sentimentos não são seu playground. Não daria as costas pra você e pra tanto sentimento se eu soubesse que faria algum sentido, que seria valorizado ao invés de ridicularizado, e que, de alguma maneira, faria diferença. Mas não faz. Talvez nunca tenha feito. E se não faz diferença pra você, não faz sentido pra mim. Não mais. Chega. Se o meu melhor não é suficiente pra fazer com que alguém respeite a mim, o que sinto e queira ficar, tem que ser suficiente pra que eu saiba que é hora de ir embora. E pra não voltar.

(Itala Pereira)


terça-feira, outubro 14, 2014

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"Agimos certo sem querer.
Foi só o tempo que errou.
Vai ser difícil sem você,
porque você está comigo o tempo todo.
E quando vejo o mar, 
Existe algo que diz que a vida continua,
E se entregar é uma bobagem.
Já que você não está aqui o que posso fazer
É cuidar de mim.
Quero ser feliz, ao menos.
Lembra que o plano era ficarmos bem?"
(Renato Russo)

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segunda-feira, setembro 01, 2014

Loucura no olhar



Mudanças fazem milagres por nossos olhos, e é no olhar que se percebe a tal juventude eterna. Um olhar opaco pode ser puxado e repuxado por um cirurgião a ponto de as rugas sumirem, só que continuará opaco porque não existe plástica que resgate seu brilho. Quem dá brilho ao nosso olhar é a vida que a gente optou por levar. Um olhar iluminado, vivo e sagaz impede que a pessoa envelheça. Olhe-se no espelho. Você tem um olhar de quem estaria disposta a cometer loucuras? Tem que ter.

(Martha Medeiros)