segunda-feira, março 05, 2012

O feio vício da inveja.

A primeira vez que li esse texto, foi em meados de 2005. Nunca mais esqueci.

"[...] Aceitamos muito mal o sucesso alheio, a alegria alheia, o amor alheio. Quando não gostamos de nossa própria vida, odiamos pensar que alguém esteja contente com a sua. Supervalorizamos o momento bom do outro, não para o curtirmos com ele, mas como se isso o tornasse maior ou melhor que nós, e o tratamos como réu: culpado de não fracassar, não ser vaiado, não ficar sozinho nem mofar na prateleira. A mim em geral me diverte um pouco observar essas coisas, mas às vezes me espanta. [...] Sempre há os que detestam autores cujo trabalho é mais amplamente reconhecido, seja por qualidade, sorte ou essa marca de imponderável que faz com que um livro "pegue" ou não. Sempre há os que acham defeito no empresário bem-sucedido ("deve ser corrupto"), no casal feliz ("mas com certeza ele a passa pra trás"), na mulher bonita ("Ah, mas eu soube que ela..."). A lista do ressentimento e da calúnia é longa. Sinto lhes dizer, mas coisas boas acontecem, pessoas às vezes se amam de verdade, felicidade existe, famílias podem ser unidas, sucesso ocorre e, acreditem, não é caminho para o céu ou porta para qualquer academia – nenhuma, aliás, me interessa. De preferência, nem dêem tanta opinião se não forem críticos, resenhistas, professores – e, mesmo aí, aceitem seus limites. [...] Somos igualmente dignos de respeito. Mas há quem não consiga deixar o feio vício. Ai de nós."

(Lya Luft)


Muito, muito bom!

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Um comentário:

Moniza Amaral disse...

Arrasa ai viu? E arrasou! kkkkkkkkkkkkk
=***