Meu passado? Não sei. Não vivo mais lá.

“Acho que a única razão de sermos 
tão apegados em memórias, é que 
elas não mudam, mesmo que as 

pessoas tenham mudado.”

(Pretty Little Liars)

Uma das frases mais coerentes que já li, e que justifica muita coisa que a gente passa. Talvez seja esse o segredo pro apego exagerado a tudo que antecede o nosso presente: não podemos mudar o que aconteceu. E o ser humano tem esse mania inconveniente de querer o que não pode ter, de possuir o que não lhe pertence e, claro, de mudar o que não pode ser mudado. A gente tem sempre a sensação de que as coisas a nossa volta podem mudar conforme a nossa vontade. Infelizmente, ou felizmente, as coisas não acontecem como queremos. Muitas vezes, é difícil aceitar que nossos desejos não serão atendidos, e que, só pra nos contrariar, a vida vai dar um jeito de não satisfazer sempre as nossas vontades. É assim com o passado. Aceite que simplesmente e absolutamente ele não tem esse nome por acaso: ele passou. Ele ficou no passado. O que acontece é que esquecemos que não vivemos mais lá. Nossas lembranças, memórias, e a personalidade que temos hoje, são as únicas coisas que ainda carregam algo do que ficou pra trás, porque foram construídas a partir daí. O resto é presente, e não apenas no tempo verbal: é um presente mesmo. O hoje é que interessa. O hoje é que nos apresenta novas oportunidades, situações, lugares e pessoas. Enquanto o passado já desistiu de nós, o hoje aposta na gente... Todos os dias! Passado é quadro moldurado: a gente olha, lembra como usou cada cor, pincel e textura, e só. Nada mais pode ser feito. Só nos resta contemplá-lo. Passado é obra acabada. Obra mastigada e imutável. Apegar-se a ele é, por hora, abrir mão do presente. E, por consequência, do futuro. Num mundo onde é necessário tomar suas próprias decisões e estar preparado pras consequências, estejamos todos à vontade pra decidir apegar-se ao passado e, em vão, tentar mudá-lo. Ou não.

(Itala Pereira)

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