sábado, novembro 03, 2012

Uma pausa pro café.


Ela estava quieta, pensativa. Celular desligado em cima da mesa, xícara nas mãos. Enquanto tomava mais um gole de café morno, e observava através da janela as pessoas andando nas ruas, ela se questionava: "Será que algum deles é mais triste que eu? Quantos deles estão andando enquanto carregam pesos maiores do que podem levar?". Ela pensava, e observava que muitos traziam um brilho intenso no sorriso. Outros, carregavam um olhar apagado e enigmático. Sentiu uma alegria boba no peito, porque apesar de viajar entre pensamentos não tão felizes, a realidade não era tão ruim. Não era. Ela pensava no que já havia possuído, no que perdeu, e no que ainda podia perder. Ainda assim, uma alegria insistente lhe tomava. Ela sabia que por mais que perdesse, e por mais que já tivesse perdido muitas coisas com o tempo, novos motivos pra lhe fazer sorrir estavam pra chegar. Sempre estavam. Enquanto observava o café já frio na xícara, ela sorria levemente, pra que sua melancolia não se assustasse com o sobreaviso de que a felicidade a qualquer momento ia bater forte em sua porta. Ela não sabia como, onde, nem quando chegaria. Mas sabia também que não era ali, sentada e apreciando um café frio, que iria descobrir. 

Enfim, ficou de pé e pôs-se a caminhar.
Um passo de cada vez. Passos lentos e leves.
Não sabia a que velocidade a felicidade viria.
E ela, complicada menina, precisava muito se deixar alcançar.



(Itala Pereira)

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