Chega uma hora que a gente cansa. Não
dos outros, mas da gente mesmo. Cansa do cabelo, dos vícios de
linguagem, da rotina que calcula friamente até o cochilo depois do
almoço igualmente frio e calculado. Cansa do jeito bobo de ser, do
brilho no olho por qualquer demonstração de afeto, do coração disparado
por qualquer surpresa. Cansa, e não há nova rotina, paixão ou sol
nascendo na praia que mude isso. Então, enquanto eu estiver cansada, não
vem tentar ser a cura pro meu mal, nem consolo pros meus lamentos. Eu
não quero e não preciso. Só quero saber que posso chegar no fundo do
poço, cansada da queda em um abismo que parecia não ter fim, pra finalmente tentar me reerguer. Não quero meu cansaço nos ombros de outro alguém.
Deixa que desse eu cuido, carrego e me livro assim, como no fundo sempre estive: sozinha.
(Itala Pereira)
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