sexta-feira, agosto 22, 2014

Conscientemente sozinha.


Chega uma hora que a gente cansa. Não dos outros, mas da gente mesmo. Cansa do cabelo, dos vícios de linguagem, da rotina que calcula friamente até o cochilo depois do almoço igualmente frio e calculado. Cansa do jeito bobo de ser, do brilho no olho por qualquer demonstração de afeto, do coração disparado por qualquer surpresa. Cansa, e não há nova rotina, paixão ou sol nascendo na praia que mude isso. Então, enquanto eu estiver cansada, não vem tentar ser a cura pro meu mal, nem consolo pros meus lamentos. Eu não quero e não preciso. Só quero saber que posso chegar no fundo do poço, cansada da queda em um abismo que parecia não ter fim, pra finalmente tentar me reerguer. Não quero meu cansaço nos ombros de outro alguém. Deixa que desse eu cuido, carrego e me livro assim, como no fundo sempre estive: sozinha.
(Itala Pereira)



Nenhum comentário: